Multidão abraça Igapó

24-09-2011 14:18
Conscientização

    

    

 

    Faltou gente para o abraço ser completo, mas mobilização inédita surpreendeu organizadores

21/09/2009 | 00:00 Marcelo Frazão

    O cinquentão Igapó foi abraçado ontem por londrinenses que aceitaram o convite da manhã de sol, uma mostra perfeita de como o cartão postal de Londrina se conecta a milhares de vidas e comportamentos diariamente.

    A corrente de mãos dadas da multidão à beira do lago – vinda de todos os cantos da cidade – permitiu um efeito raramente visto em manifestações públicas em Londrina. Os londrinenses presentes ontem ainda não foram suficientes para abraçar todos os dois quilômetros em torno do Lago Igapó 2 – entre o fim da Avenida Maringá e a Avenida Higienópolis. O abraço alcançou mais da metade da área e a demonstração foi inédita por muito motivos.

    “Abraçar o lago significa a necessidade de se voltar com mais frequência para o que é realmente mais importante para a gente”, filosofa, rápido, Amauri Pietro Sandoni, 38, chaveiro. “Juntei os filhos e decidi que a gente não ia perder esse dia”, diz ele, ao lado de Pedro, 7, e Ricardo, 10. Quando chegou a hora, partiu para o abraço sem hesitar.

    “Reflexões sobre o lago não faltam, mas a população precisa transportar mais as coisas para o dia a dia”, concorda o engenheiro Fernando Herz, 32, fã de uma corrida matinal no Igapó. “Você, por exemplo, joga lixo no chão?”, pergunta o repórter. “Vez ou outra e todos os amigos fazem assim”, diz, em tom de desculpa, para logo apontar o alheio: “Mas todo mundo faz. Olha só como está essa água”, esquiva-se.

    Ontem, o abraço bem intencionado no lago era o contraste evidente do real comportamento da maioria da população em relação a ele. Após as chuvas, o Igapó, mais uma vez, estava abarrotado de detritos e resíduos de papéis, garrafas plásticas, canudinhos, copos, folhas e micro-lixos jogados diariamente pela população nas ruas – tudo varrido pelas galerias de escoamento de chuvas até lá. O tom enlameado era “presente” de dezenas de terrenos privados na bacia onde a terra nua e descoberta é lavada pelas chuvas até o leito do Igapó, em estado permanente de assoreamento. Além disso, obras com grandes áreas abertas e sem proteção - como a transposição da Ayrton Senna com a PR-445 – também são responsáveis por carrear lama e terra para o Córrego Capivara, afluente do Igapó que, completamente assoreado, serve de caminho para toneladas de lama rio adentro.

    “A gente ainda não se apropria dos espaços públicos de Londrina”, constata Luís Galhardi, da ONG Londrina Pazeando, organizadora da atividade que do abraço no Lago segue na Semana da Paz, com diversos debates e abordagens sobre o tema, trabalhado na rua e em escolas de Londrina de forma permanente. “O respeito à natureza é uma forma de cultuar a paz. Londrina nos dá este e muitos outros cenários que devem ser abraçados no dia a dia também”, diz Galhardi. “Mas como se a imprensa, por exemplo, ainda destaca mais problemas do que bons exemplos e iniciativas? Precisamos de mais espaços assim, afirma, logo emendando que “no ano que vem o abraço será maior com certeza.”

    Cego rema pela primeira vez
Eufórico, o fisioterapeuta José Giuliângeli, 40, completamente cego há 17 anos após um acidente de carro, não acreditou ontem quando pela primeira vez soube que remaria de caiaque no Lago Igapó. Ao ser convidado por integrantes da ONG Patrulha das Águas, que ajudou no abraço ao Igapó de dentro d’água, o fisioterapeuta arrancou rapidamente as meias, desarmou-se de celular, pulseiras, cintos e amarras, pôs o colete e teve de se acalmar para ouvir as instruções sobre como entrar e remar. Partiu do Igapó 2 até a barragem com a Avenida Higienópolis. Como um veterano, equilibrou-se rapidamente e, guiado por três apoiadores da Patrulha, com o caiaque conectado por uma corda, deliciou-se. No fim, saiu maravilhado: “Imagine alguém cego há 17 anos remando no Igapó. Nem dá para explicar. É uma liberdade que permite à gente sair da prisão que é a cegueira”, afirmou. Luís Figueira de Mello, presidente do Instituto Ecometrópole e membro da Patrulha das Águas, diz que com urgência a sociedade tem de apoiar atividades de inclusão com o uso do lago. “É um dever nosso.”

    Prefeito leva a família ao lago
    Em trajes civis e longe do terno e gravata habituais, o prefeito Barbosa Neto (PDT), com os filhos e a mulher, Ana Laura, afirmou ontem que a experiência de fechar ruas em torno do Igapó deverá ser realizada todo domingo. “Com as ruas sem carros, a liberdade é maior e a segurança das pessoas virem passear também.” Para Barbosa, o fim do lixo no chão dentro da bacia do Cambé/Igapó é a melhor forma de preservá-lo. “Estou com os ambientalistas no combate ao lixo e à bituca no chão. Isso é péssimo.” Em trajes esportivos, o presidente da Câmara de Vereadores, José Roque Neto(PTB), o Padre Roque, opina que o Igapó precisa ser mais explorado e “realmente descoberto turisticamente”. “A cidade pode dar muito mais para o lago do que sujeira. Ninguém precisa vir na beira para poluir porque a chuva traz o lixo do chão das ruas próximas para cá. A ação negligente de alguém sempre vem parar aqui na água”, diz, didático. “O dia em que todos entendermos como uma cidade mais limpa se traduz em rios mais limpos, viveremos numa bela Ecometrópole”, completa o ambientalista João das Águas.

    Prato mais cheio para fotógrafos
    Usualmente um prato cheio para fotógrafos, o Igapó foi ontem um cenário mais rico ainda em possibilidades para quem cultiva a fotografia como forma de olhar o mundo. “Talvez as pessoas ainda estejam muito concentradas no trabalho e no dia a dia e não percebam tanto como deviam esse espetáculo que é o Igapó”, diz Mario Jorge Tavares, membro do Foto Clube de Londrina. “Deveríamos ter um circuito das águas com o Igapó porque ele é sensacional. Devia ser melhor aproveitado”. Com lentes apontadas para todo lugar, João Batista Bortolotti, ex-membro da administração anterior, diz que no Igapó “estão as melhores imagens de Londrina”. “É o primeiro plano de qualquer fotógrafo”. Afirma, entretanto, que até hoje ainda muitos londrinenses “não enxergam e não vêem o Igapó”. Rui Cabral, fotógrafo do Museu de Arte de Londrina, observa que Londrina é um cenário urbano muito propício “à busca de um ângulo diferente” e cita: “Não só Igapó, como o Parque Arthur Thomas, que se liga pelas águas a ele”.

 

 

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