Toshio Icizuca
Em setembro de 2008, quando estive em Londrina, tive a oportunidade de conhecer a Praça Tomi Nakagawa, construída em homenagem aos imigrantes japoneses por ocasião da comemoração do Centenário da Imigração ao Brasil.
Confesso que fiquei encantado e emocionado ao visitar a referida praça, pois tudo que ali se encontra, desde as pedras trazidas do Japão, toriis autênticos, chafarizes com os bicos ocultos, o lago seco, o monumento aos imigrantes que se radicaram na cidade, tudo isso representa a soma de suores derramados pelos primeiros imigrantes, entre os quais meus pais, já falecidos.
Não conheço outras praças ou monumentos especialmente construídos em homenagem aos imigrantes, porém acredito que a obra de Londrina seja uma das mais significativas, e talvez a maior em termos de área ocupada e beleza das construções. Londrina merece ter uma obra como esta, uma vez que é a segunda cidade do Brasil em número de nikeys, vindo logo depois de São Paulo.
Desde àquela visita não tenho ido à cidade, e se tivesse tido essa oportunidade certamente teria passado na Praça para revê-la, e verificar se ela está bem conservada e cuidada com carinho, como deve ser feito com todos os monumentos em homenagem às pessoas caras à cidade, pela sua história. Mas ao ver as fotos e relatos enviados por uma londrinense (não nikkey), pela internet, mostrando a atual situação da Praça, fiquei triste. Não conheço essa pessoa, mas parece ser uma londrinense que ama a sua cidade e se preocupa com o desmando da administração municipal, segundo suas palavras. As fotos mostram o estado de abandono da Praça, invadida por desocupados e mendigos, lixo amontoado em torno da mesma, tirando o brilho do logradouro que é o símbolo da colônia japonesa de Londrina.
Em setembro próximo estarei novamente em Londrina, a minha querida cidade natal, para participar do encontro dos ex-alunos do Seiryogakuen, e rever os amigos que tiveram aula de japonês nessa entidade na década de quarenta. Na ocasião, pretendo rever a Praça tão bonita como era há três anos. Espero não encontrar o lixo mostrado como na foto, nem os mendigos e desocupados.
Na verdade, decidi escrever essa crônica após o recebimento da terceira mensagem da pessoa citada, todas elas com fotos anexas, mostrando o aparente estado de abandono daquele local. O crédito dado a ela é de minha inteira responsabilidade, pois ela não me pediu nada, simplesmente me enviou as mensagens como uma cidadã prestante, uma atitude que considero digna de elogio.
Toshio Icizuca é engenheiro e escritor.
Matéria enviada por Arline Silva
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