Hoje, no Dia Mundial da Alimentação, recebemos a notícia de que o número de famintos no mundo já ultrapassa a marca de 1 bilhão de pessoas. Do outro lado, sabemos que o número de pessoas que desperdiçam alimentos é infinitamente maior. Ligar estes dois mundos de modo que eles possam desaparecer parece um sonho distante da nossa realidade. No entanto, nesta semana tive o prazer de conhecer de perto um projeto que existe há 15 anos e que faz extamente esta ponte.
O programa Mesa Brasil do Sesc recolhe alimentos onde eles estão sobrando e entrega onde eles faltam. Somente neste primeiro semestre, foram mais quase 17 mil toneladas de alimentos recolhidos que iriam para lata do lixo. Alimentos que foram para o prato de mais de 1,3 milhão de pessoas.
Para saber exatamente como funciona este lindo programa que inspirou muitos outros no nosso país, acordei cedo e segui um caminhão do Mesa Brasil. Fui na cozinha central do América pegar as sobras que iriam para o lixo e depois levei no Lar Caibar Schutel, que luta diariamente para colocar comida no prato de 60 crianças.
Lá vi que a casca de banana jogada no lixo da minha casa vira doce e sorriso para as crianças. A casca e as rebarbas dos pães se tornam pudins. Os talos e as folhas desprezadas tornam as crianças mais saudáveis.
Me senti pequena e com fome de transformação. Eram mais de 16h e não havia almoçado. No caminho pensei em parar num restaurante, não tive coragem. Fui para casa e comi a sobra da comida do dia anterior. Foi um passo quase que invisível diante de tantas necessidades, mas foi um passo. É a partir de nós que esta história de fome e desperdício pode mudar.